O REGRESSO
O mexicano Alejandro González Iñárritu gosta de dramas que colocam os personagens em situações extremas. Depois do sucesso indiscutível de “Birdman”, “O Regresso” chega aos cinemas com mais um soco no nosso estômago. É brutal. O filme não te dá tempo de respirar e se recuperar de uma cena intensa e logo vem outra bomba na cabeça.
O espectador não é poupado da dor de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio, que se não levar o Oscar dessa vez é porque a academia não gosta mesmo dele) nem de como o ser humano pode ser egoísta e traiçoeiro. Acompanhamos junto a Glass a sua luta contra um urso duas vezes maior que o seu tamanho e toda a sua odisseia para sobreviver em meio a uma natureza gelada e selvagem.
Tudo o que se pode imaginar em relação a sobrevivência acontece, e quando se pensa que a história é baseada em fatos reais o apelo dramático se multiplica por dois. Glass pode ser comparado a um super-herói porque é praticamente invencível. Só que não. Ele é de carne, osso e sentimentos e sua história nos dá uma aula sobre o que significa estar vivo.
Sobreviver é o mesmo que viver? Quando não se tem dinheiro, nem família e se vive em um inverno congelante e sem fim, qual é o objetivo de se manter vivo? Dinheiro vale mais do que pessoas? A vingança é um prato que se deve cobiçar? Podemos chamá-la de justiça? Nunca se sabe. Depende de quem sofre e como se sofre.
“O Regresso” nos traz muitas questões que merecem ser refletidas, e as respostas podem variar muito. Vai de pessoa para pessoa. Nunca sabemos como pensam as cabeças que não são as nossas e às vezes a minha ética é diferente da sua e julgar é um processo sinuoso. Não se sabe com quem fica a razão.
Filosofias à parte, a fotografia é talvez o ponto mais forte, pois é impecável, principalmente, se levarmos em conta que todo o filme foi gravado com luz natural. É um encanto para os olhos. As sequências sem cortes também são de tirar o fôlego, a cena com o urso, por exemplo, dura uma média de dez minutos, e eu gostaria muito de ver os making ofs porque é realmente impressionante o quão está próxima da realidade.
“O Regresso” é uma narrativa espirituosa, com muitos efeitos visuais e uma violência perturbadora que deixa o espectador incomodado do início ao fim. Leonardo DiCaprio está silencioso, mas inacreditável, em minha opinião é o seu melhor papel até hoje. Mais uma vez Iñárritu se aproveita de uma audácia pitoresca e “O Regresso” é altamente recomendável. Não deixe de assistir!
Paula Romano via http://www.updateordie.com/
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