26 de junho de 2009

A Ilha Não se Curva_gessinger/granja/adal


presente em tudo que eu faço
em qualquer hora e lugar
em toda esquina
em cada passo:
profana luz a me guiar...
vida a fora...noite a dentro..
.impressa em cada gesto meu
brilha a luz no fim do túnel
cores capazes de cegar
quem tem medo de entregar-se ...
vida a fora...noite a dentro...
inimigos na trincheira
guantanamera militar
e a ilha não se curva
às águas turvas desse mar...
vida a fora...noite a dentro...

25 de junho de 2009

Na montanha_Líria Moraes

Na montanha
o vento está sensível
lamenta e trite, canta
unido ao pranto meu.

Não floresce a flor
apenas é ferida
presente a dor
e por fim é perdida.

Pelo vento vem,
distante do essencial, o arrepio
mas é ausente
o límpido frio.

Pois chega o medo
acontece tão sombrio
tão sozinho.

Líria Moraes
1999

24 de junho de 2009

no inverno fica tarde + cedo


escuridão, noite liquiefeita
tudo toma forma, do corpo que se deita
na escuridão
escuridão, nenhum olhar aceita
tudo se transforma, numa cama desfeita
na escuridão
escuridão, hora da colheita
pra quem seme ao vento, numa cama desfeita
na escuridão, num corpo que se deita
um corpo em tempestade, agora já é tarde

solidão, hora da colheita
pra quem seme ao vento, num corpo que se deita
na solidão, de uma cama desfeita
um corpo em tempestade, agora já é tarde

no inverno fica tarde mais cedo
só depois de perder, você descobre que é um jogo
um jogo que não acaba, nunca acaba empatado
se foi um jogo você ganhou, eu perdi a direção
se foi um sonho, se foi um céu, eu não sei
eu que não sei perder, perdi o sono (o medo)
na (da) escuridão, na (da) escuridão...

! ! ! salve humberto ! ! !

21 de junho de 2009

Maresia - Adriana Calcanhotto


Composição: Paulo Machado / Antonio Cicero

Meu amor me deixou
Levou minha identidade
Não sei mais bem onde estou
Nem onde há realidade...

Ah, se eu fosse marinheiro
Era eu quem tinha partido
Mas meu coração ligeiro
Não se teria partido...

Ou se partisse colava
Com cola de maresia
Eu amava e desamava
Sem peso e com poesia...

Ah, se eu fosse marinheiro
Seria dôce meu lar
Não só o Rio de Janeiro
A imensidão e o mar...

Leste, Oeste, Norte, Sul
Onde o homem se situa
Quando o sol sobre o azul
Ou quando no mar há a lua...

Não buscaria conforto
Nem juntaria dinheiro
Um amor em cada porto
Ah, se eu fosse marinheiro
Não pensaria em dinheiro
Um amor em cada porto
Ah! se eu fosse marinheiro...

Inverno - Adriana Calcanhotto


Composição: Adriana Calcanhoto/Antonio Cícero

No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir
De lá pra cá não sei
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno no Leblon é quase glacial

Há algo que jamais se esclareceu
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei

Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar
Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
Pouco antes de o ocidente se assombrar

4 de junho de 2009

A impermanência do todo - Líria Rezende de Moraes

A impermanência do todo


Que o áereo seja finito,
já que o flutuar do ser
não guarda em si certeza,
e o que pulsa em nós
impermanece no dia.
Imprevisível é o todo
que muda a rota,
que perde o rumo a toda hora,
e nos ensina a existência do finito e do perene.
Nesta passagem junto ao andarilho,
sonhos são águas correntes,
impermanecem na viagem.
Tudo mutável, inconstante,
Mas a que reflexão tangimos?!
Se os desejos suspensos oscilam com a impermanência do todo.

Líria Rezende de Moraes
2005

Muitas pessoas perguntam de onde vem meu nome

Lírio: do latim lilium e do grego lirion, ambos signicando flor. Em francês a fleur-de-lis esteve presente na coroa monárquica, pois o rei franco Clodovil (480-511) teria recebido uma dessas flores de um anjo. Símbolo de pureza, o lírio estava nas mãos do anjo Gabriel quando ele anunciou a gravidez de Maria. E Jesus, num de seus sermões, mandou os ouvintes olharem os lírios do compo. Em alemão, a flor tem nome curioso: vergismeinnicht, isto é, "não me esqueça". A voz das cigarras e das musas é chamada lírica (delicada) porque os lírios teriam nascido do leite da deusa Hera, gotejado sobre a terra na formação da Via Láctea.

2 de junho de 2009

A Flor - Los Hermanos


"Diz quem é maior
que o amor
me abraça forte agora
tá chegando a nossa hora
vem, vamos valer
vou dizer
que a vida é passageira
sem contar que a nossa estrela
vai cair "
"Minha flor serviu pra que você achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu..."
"O quanto eu te falei
Que isso vai mudar
Motivo eu nunca dei...
Você me avisar, me ensinar, falar do que foi pra você
Não vai me livrar de viver...
...Eu só aceito a condição de ter você só pra mim
Eu sei...não é assim, mas deixe eu fingir e rir..."

Ignorando o terno_Líria Moraes


Ignorando o terno

A real razão

motivo impreciso
quando se vê
e não se sente
nada, pobre palavra
e pobre é o que se sente
se apenas olha-se
e não se percebe
o detalhe
a linha tênua
a divisão tenra
o puro essencial
pois a insuficiência
é algo tão comum
que quando entedia-se
não se aprimora
são apenas visões
e não sentidos
vemos mas não percebemos
e é triste vida assim
desligando o simples
ignorando o terno
sufocando os sensíveis.

Líria Moraes
2004